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Atualização do setor açucareiro do Brasil - fevereiro de 2025
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Atualização do setor açucareiro do Brasil - fevereiro de 2025

O motor da cana-de-açúcar do Brasil ainda é o cavalo de batalha do mundo. Depois de um recorde de 705 MMT em 2023/24, a safra de 2024/25 está se aproximando de 645 MMT devido à seca do início da temporada. O Centro-Sul - especialmente São Paulo - produz cerca de 24% a mais do que o Norte-Nordeste, o que gera recuperações mais rápidas quando as chuvas colaboram. As exportações dominaram 2023/24 com 35-38 MMT (China, Índia e Indonésia liderando), mas as filas nos portos transformaram a logística em um ponto de estrangulamento. No mercado interno, o consumo está próximo de 9,5 MMT; os preços subiram em 2024 e depois diminuíram - o cristal de São Paulo encerrou fevereiro de 2025 a aproximadamente R$139/50 kg. As usinas flexibilizam entre açúcar e etanol: a produção de 2023/24 foi de cerca de 45,5 MMT de açúcar e 35,3 bilhões de litros de etanol, com o etanol de milho acrescentando alguns bilhões de litros. No curto prazo, os fortes preços globais mantêm o mix com viés de açúcar; os principais riscos são clima, mão de obra/habilidades e capacidade portuária. Guia spot para fevereiro de 2025: bruto ~$ 540/t (~24¢/lb); refinado ~$ 600/t (prêmio branco ≈ US$ 60/t).

Tendências de produção de cana-de-açúcar e rendimentos regionais

A produção de cana-de-açúcar do Brasil oscilou nos últimos anos, atingindo um recorde de 705 milhões de toneladas na safra de 2023/24, graças ao clima ideal e ao aumento da produtividade fas.usda.gov No entanto, a safra de 2024/25 em andamento está prevista em torno de 645 milhões de toneladas (cerca de 8,5% menor) devido às condições incomuns de seca no início da temporada de plantio fas.usda.gov A região Centro-Sul (CS) - o principal cinturão de cana-de-açúcar do Brasil - alcança consistentemente rendimentos mais altos, cerca de 24% acima dos do Norte-Nordeste (NNE) apps.fas.usda.gov, devido à maior mecanização e aos insumos agrícolas avançados. O estado de São Paulo sozinho contribui com quase metade da produção nacional de cana, enquanto os estados do NNE respondem por menos de 10%, com rendimentos por hectare notavelmente mais baixos. Essas disparidades regionais destacam por que os produtores do CS podem se recuperar rapidamente com boas chuvas, como visto em 2023/24, enquanto a produção do NNE continua limitada pelo terreno e pelo clima.

BRAZIL SUGAR PRODUCTION
BRAZIL SUGAR PRODUCTION

Dinâmica do mercado de exportação - Principais compradores e volumes

O Brasil é o maior exportador de açúcar do mundo e, em 2023/24, registrou exportações recordes de cerca de 35 a 38 milhões de toneladas, segundo a datamarnews.com. O gráfico destaca os principais destinos do açúcar brasileiro naquela temporada. A China foi o maior importador (~3,9 MMT), seguida pela Índia (~3,3 MMT) e Indonésia (~2,4 MMT)apps.fas.usda.gov. Outros compradores importantes foram a Argélia e o Marrocos, cada um com cerca de 1,7 a 1,9 MMT. A alta demanda global e os déficits de produção em outros países (por exemplo, a produção da Índia caiu devido a colheitas ruins) tornaram o Brasil um fornecedor essencial. Apesar dessas exportações, o congestionamento dos portos e os atrasos nos embarques se tornaram um gargalo - em um determinado momento no final de 2023, os navios enfrentaram esperas de até 35 dias no porto de Santos para carregar açúcar reuters.com. Os analistas comerciais observaram que a capacidade de exportação do Brasil, e não a produção, era o fator limitante para aliviar a escassez global de açúcar reuters.com.

Top importers of Brazilian sugar in the 2023/24 season
Top importers of Brazilian sugar in the 2023/24 season

Tendências do mercado doméstico - preços e consumo

No âmbito doméstico, o mercado interno de açúcar do Brasil absorve apenas cerca de9,5 milhões de toneladasde açúcar por ano - cerca de um quarto da produção do país em um ano de alta demanda. O gráfico de pizza ilustra essa divisão: oa grande maioria (~77%) da produção de açúcar do Brasil é exportadae o restante atende às necessidades domésticas. Em 2024, os preços do açúcar no mercado interno subiram para máximos de vários anos, juntamente com os preços mundiais, e depois começaram aresfriamento no início de 2025. Por exemplo, o açúcar cristal no atacado em São Paulo caiu cerca de 9% em fevereiro de 2025, encerrando o mês em torno deR$139 por saco de 50 kgcepea.esalq.usp.br. Essa queda ocorreu apesar da baixa temporada (quando a oferta é baixa), pois os compradores resistiram aos preços altos. O consumo per capita de açúcar no Brasil continua alto (mais de 30 kg/ano), mas as tendências de saúde o mantiveram relativamente estável. Assim, a demanda doméstica de açúcar é estável, e os preços internos refletem principalmente a paridade de exportação e fatores sazonais. Em suma, o mercado interno do Brasil é bem abastecido - mesmo em anos de exportação recorde - devido ao enorme volume de produção.

Allocation of Brazil’s 2023/24 sugar production between export and domestic markets
Allocation of Brazil’s 2023/24 sugar production between export and domestic markets

Produção de etanol e mix de uso da cana-de-açúcar

A cana-de-açúcar do Brasil tem dupla finalidade: produz açúcar e etanol combustível. A produção do setor muda de acordo com os sinais do mercado. Em anos de preços baixos do açúcar (por exemplo, 2018/19), as usinas maximizaram o etanol - apenas cerca de42% da sacarose foi transformada em açúcarnaquele ano contra 58% para o etanolaplicativos.fas.usda.gov. Por outro lado, com a alta do açúcar em 2023/24, as usinas favoreceram o açúcar; aproximadamente46% dos açúcares da cana foram cristalizados em açúcar(uma participação maior do que nos anos anteriores), com 54% fermentados em etanol. O Brasil produziu45,5 MMT de açúcar e 35,3 bilhões de litros de etanolem 2023/24aplicativos.fas.usda.govO etanol é o principal produto da safra 2018/19, um equilíbrio mais inclinado para o açúcar do que nas safras anteriores. O gráfico compara o mix de produção de açúcar e etanol em 2018/19 e 2023/24, ilustrando essa mudança. Notavelmente, mesmo com a produção recorde de açúcar, a produção de etanol permaneceu robusta - auxiliada pela expansão do etanol de milho, que forneceu cerca de 2 a 3 bilhões de litros. Em 2025, espera-se que as usinas continuem priorizando a produção de açúcar devido aos altos preços globais e à previsão de um déficit global de açúcar. No entanto, se os preços do açúcar caírem ou os preços da gasolina subirem, o sistema flexível brasileiro transferirá uma parcela maior da cana para o etanol.

Sugar vs. ethanol production as a share of sugarcane output.
Sugar vs. ethanol production as a share of sugarcane output.

Desafios do setor - clima, mão de obra e logística

Apesar dos sucessos recentes, o setor açucareiro do Brasil enfrenta vários desafios.Impactos climáticossão uma das principais preocupações: a seca e o calor extremo de 2024 levaram a umaincêndios em canaviaisem São Paulo e no Paraná, o que levou a Conab a reduzir a previsão da safra de cana de 2024/25 em 11 milhões de toneladas. Essas secas, provavelmente exacerbadas pela mudança climática, podem reduzir a produtividade e a recuperação do açúcar, conforme observado por uma queda estimada de 8,8% na produtividade nesta temporada. No que diz respeito à mão de obra, o setor passou por uma rápidamecanização. Sobre95% da cana no Centro-Sul é agora colhida por máquinasrevistacultivar.comreduzindo muito a necessidade de cortadores manuais. Embora isso aumente a eficiência e a sustentabilidade (menos queimadas antes da colheita), apresenta desafios em termos de emprego e exige que o trabalhador se capacite para operar máquinas. No Norte-Nordeste, entretanto, apenas ~23% é mecanizado devido ao terreno acidentado, o que significa que as práticas trabalhistas diferem regionalmente. Por fim,gargalos logísticoscontinuam a incomodar o setor. O aumento das exportações do Brasil sobrecarregou a capacidade dos portos - no final de 2023, mais de 70 navios fizeram fila nos portos, e o açúcar literalmenteempilhados nos terminaisaguardando embarque. São necessárias melhorias na infraestrutura, pois os comerciantes observam que o Brasil "não consegue exportar toda a produção" com rapidez suficiente, criando umlogísticodéficit mesmo quando a produção é ampla. A solução desses problemas climáticos, trabalhistas e logísticos será fundamental para sustentar o crescimento e a resiliência do setor açucareiro do Brasil nos próximos anos.

A mechanized harvester at work in a Brazilian sugarcane field.
A mechanized harvester at work in a Brazilian sugarcane field.

Em resumo, em fevereiro de 2025, o setor de açúcar do Brasil estava enfrentando uma combinação de obstáculos de curto prazo e desafios de longo prazo. A produção foi reduzida pelos efeitos climáticos, mas continua alta; as exportações, embora não atinjam níveis recordes, ainda são dominantes em nível global; o mercado interno é estável; o etanol proporciona flexibilidade e é apoiado por políticas de suporte. Os principais desafios, como clima irregular, pressões de custo, práticas trabalhistas e restrições logísticas, estão sendo enfrentados com uma combinação de inovação, engajamento político e esforços de sustentabilidade. Esses fatores determinarão como o setor açucareiro do Brasil manterá sua resiliência e crescimento diante das condições em evolução.

Para fevereiro de 2025, as estimativas recentes do mercado indicam um ligeiro aumento adicional nos preços em comparação com janeiro. Os relatórios atuais sugerem:

Açúcar bruto: Aproximadamente US$ 540 por tonelada métrica (cerca de 24 centavos de dólar por libra-peso).
Açúcar refinado: Cerca de US$ 600 por tonelada métrica, refletindo um prêmio branco de aproximadamente US$ 60 por tonelada.

Sources:

Brazilian government and USDA reports on sugarcane production and forecasts
UNICA and Conab data on harvest yields, sugar output, and ethanol volumes
Trade statistics from Secex and market analysis of export trends
Pricing and demand insights from industry research (CEPEA, ISO)
News reports on weather impacts, port logistics, and labor issues affecting the sugar sector