Tendências de produção de cana-de-açúcar e rendimentos regionais
A produção de cana-de-açúcar do Brasil oscilou nos últimos anos, atingindo um recorde de 705 milhões de toneladas na safra de 2023/24, graças ao clima ideal e ao aumento da produtividade fas.usda.gov No entanto, a safra de 2024/25 em andamento está prevista em torno de 645 milhões de toneladas (cerca de 8,5% menor) devido às condições incomuns de seca no início da temporada de plantio fas.usda.gov A região Centro-Sul (CS) - o principal cinturão de cana-de-açúcar do Brasil - alcança consistentemente rendimentos mais altos, cerca de 24% acima dos do Norte-Nordeste (NNE) apps.fas.usda.gov, devido à maior mecanização e aos insumos agrícolas avançados. O estado de São Paulo sozinho contribui com quase metade da produção nacional de cana, enquanto os estados do NNE respondem por menos de 10%, com rendimentos por hectare notavelmente mais baixos. Essas disparidades regionais destacam por que os produtores do CS podem se recuperar rapidamente com boas chuvas, como visto em 2023/24, enquanto a produção do NNE continua limitada pelo terreno e pelo clima.

Dinâmica do mercado de exportação - Principais compradores e volumes
O Brasil é o maior exportador de açúcar do mundo e, em 2023/24, registrou exportações recordes de cerca de 35 a 38 milhões de toneladas, segundo a datamarnews.com. O gráfico destaca os principais destinos do açúcar brasileiro naquela temporada. A China foi o maior importador (~3,9 MMT), seguida pela Índia (~3,3 MMT) e Indonésia (~2,4 MMT)apps.fas.usda.gov. Outros compradores importantes foram a Argélia e o Marrocos, cada um com cerca de 1,7 a 1,9 MMT. A alta demanda global e os déficits de produção em outros países (por exemplo, a produção da Índia caiu devido a colheitas ruins) tornaram o Brasil um fornecedor essencial. Apesar dessas exportações, o congestionamento dos portos e os atrasos nos embarques se tornaram um gargalo - em um determinado momento no final de 2023, os navios enfrentaram esperas de até 35 dias no porto de Santos para carregar açúcar reuters.com. Os analistas comerciais observaram que a capacidade de exportação do Brasil, e não a produção, era o fator limitante para aliviar a escassez global de açúcar reuters.com.

Tendências do mercado doméstico - preços e consumo
No âmbito doméstico, o mercado interno de açúcar do Brasil absorve apenas cerca de9,5 milhões de toneladasde açúcar por ano - cerca de um quarto da produção do país em um ano de alta demanda. O gráfico de pizza ilustra essa divisão: oa grande maioria (~77%) da produção de açúcar do Brasil é exportadae o restante atende às necessidades domésticas. Em 2024, os preços do açúcar no mercado interno subiram para máximos de vários anos, juntamente com os preços mundiais, e depois começaram aresfriamento no início de 2025. Por exemplo, o açúcar cristal no atacado em São Paulo caiu cerca de 9% em fevereiro de 2025, encerrando o mês em torno deR$139 por saco de 50 kgcepea.esalq.usp.br. Essa queda ocorreu apesar da baixa temporada (quando a oferta é baixa), pois os compradores resistiram aos preços altos. O consumo per capita de açúcar no Brasil continua alto (mais de 30 kg/ano), mas as tendências de saúde o mantiveram relativamente estável. Assim, a demanda doméstica de açúcar é estável, e os preços internos refletem principalmente a paridade de exportação e fatores sazonais. Em suma, o mercado interno do Brasil é bem abastecido - mesmo em anos de exportação recorde - devido ao enorme volume de produção.

Produção de etanol e mix de uso da cana-de-açúcar
A cana-de-açúcar do Brasil tem dupla finalidade: produz açúcar e etanol combustível. A produção do setor muda de acordo com os sinais do mercado. Em anos de preços baixos do açúcar (por exemplo, 2018/19), as usinas maximizaram o etanol - apenas cerca de42% da sacarose foi transformada em açúcarnaquele ano contra 58% para o etanolaplicativos.fas.usda.gov. Por outro lado, com a alta do açúcar em 2023/24, as usinas favoreceram o açúcar; aproximadamente46% dos açúcares da cana foram cristalizados em açúcar(uma participação maior do que nos anos anteriores), com 54% fermentados em etanol. O Brasil produziu45,5 MMT de açúcar e 35,3 bilhões de litros de etanolem 2023/24aplicativos.fas.usda.govO etanol é o principal produto da safra 2018/19, um equilíbrio mais inclinado para o açúcar do que nas safras anteriores. O gráfico compara o mix de produção de açúcar e etanol em 2018/19 e 2023/24, ilustrando essa mudança. Notavelmente, mesmo com a produção recorde de açúcar, a produção de etanol permaneceu robusta - auxiliada pela expansão do etanol de milho, que forneceu cerca de 2 a 3 bilhões de litros. Em 2025, espera-se que as usinas continuem priorizando a produção de açúcar devido aos altos preços globais e à previsão de um déficit global de açúcar. No entanto, se os preços do açúcar caírem ou os preços da gasolina subirem, o sistema flexível brasileiro transferirá uma parcela maior da cana para o etanol.

Desafios do setor - clima, mão de obra e logística
Apesar dos sucessos recentes, o setor açucareiro do Brasil enfrenta vários desafios.Impactos climáticossão uma das principais preocupações: a seca e o calor extremo de 2024 levaram a umaincêndios em canaviaisem São Paulo e no Paraná, o que levou a Conab a reduzir a previsão da safra de cana de 2024/25 em 11 milhões de toneladas. Essas secas, provavelmente exacerbadas pela mudança climática, podem reduzir a produtividade e a recuperação do açúcar, conforme observado por uma queda estimada de 8,8% na produtividade nesta temporada. No que diz respeito à mão de obra, o setor passou por uma rápidamecanização. Sobre95% da cana no Centro-Sul é agora colhida por máquinasrevistacultivar.comreduzindo muito a necessidade de cortadores manuais. Embora isso aumente a eficiência e a sustentabilidade (menos queimadas antes da colheita), apresenta desafios em termos de emprego e exige que o trabalhador se capacite para operar máquinas. No Norte-Nordeste, entretanto, apenas ~23% é mecanizado devido ao terreno acidentado, o que significa que as práticas trabalhistas diferem regionalmente. Por fim,gargalos logísticoscontinuam a incomodar o setor. O aumento das exportações do Brasil sobrecarregou a capacidade dos portos - no final de 2023, mais de 70 navios fizeram fila nos portos, e o açúcar literalmenteempilhados nos terminaisaguardando embarque. São necessárias melhorias na infraestrutura, pois os comerciantes observam que o Brasil "não consegue exportar toda a produção" com rapidez suficiente, criando umlogísticodéficit mesmo quando a produção é ampla. A solução desses problemas climáticos, trabalhistas e logísticos será fundamental para sustentar o crescimento e a resiliência do setor açucareiro do Brasil nos próximos anos.

Em resumo, em fevereiro de 2025, o setor de açúcar do Brasil estava enfrentando uma combinação de obstáculos de curto prazo e desafios de longo prazo. A produção foi reduzida pelos efeitos climáticos, mas continua alta; as exportações, embora não atinjam níveis recordes, ainda são dominantes em nível global; o mercado interno é estável; o etanol proporciona flexibilidade e é apoiado por políticas de suporte. Os principais desafios, como clima irregular, pressões de custo, práticas trabalhistas e restrições logísticas, estão sendo enfrentados com uma combinação de inovação, engajamento político e esforços de sustentabilidade. Esses fatores determinarão como o setor açucareiro do Brasil manterá sua resiliência e crescimento diante das condições em evolução.
Para fevereiro de 2025, as estimativas recentes do mercado indicam um ligeiro aumento adicional nos preços em comparação com janeiro. Os relatórios atuais sugerem:
Açúcar bruto: Aproximadamente US$ 540 por tonelada métrica (cerca de 24 centavos de dólar por libra-peso).
Açúcar refinado: Cerca de US$ 600 por tonelada métrica, refletindo um prêmio branco de aproximadamente US$ 60 por tonelada.
