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Perspectivas do mercado global de açúcar - 4º trimestre de 2025
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Perspectivas do mercado global de açúcar - 4º trimestre de 2025

Resumo executivo

O complexo global de açúcar apresenta atualmente uma arbitragem significativa entre os dados fundamentais e a ação dos preços. Embora o benchmark ICE No. 11 tenha sido corrigido para aproximadamente 14,8 c/lb (uma queda de mais de 30% em relação ao ano anterior), a Organização Internacional do Açúcar (ISO) projeta um déficit estrutural de4,9 milhões de toneladas para o ano comercial de 2024/25.

Essa desconexão sugere que o mercado está atualmente precificando incorretamente o risco de médio prazo.Essa precificação equivocada é, em grande parte, possibilitada pelo fato de a região Centro-Sul do Brasil estar operando com uma mistura de açúcar quase máxima e uma velocidade de exportação recorde, mascarando temporariamente a redução dos estoques globais.

Para os compradores industriais, isso cria uma oportunidade assimétrica de garantir margens de longo prazo por meio de gerenciamento de duração definida e estruturas de opções antes que o macrociclo se realinhe com as restrições físicas.

Figure 1 – ICE No. 11 sugar futures
Figure 1 – ICE No. 11 sugar futures, last 24 months. After the 2023–24 rally above 20 c/lb, prices have corrected by more than 30% into Q4 2025, trading near 14.8 c/lb despite a projected 4.9 MMT global deficit

I. Análise fundamental: O motor da oferta brasileira

A região Centro-Sul (CS) do Brasil continua sendo a variável dominante na descoberta de preços globais. Os dados indicam um mercado que maximiza a produção de curto prazo em detrimento da resiliência do reservatório de longo prazo.

A. Métricas de produção e o "Sugar Mix"

Os dados de previsão do USDA e privados indicam um esmagamento de cana da CS de590 milhões de toneladas. Crucialmente, o "Sugar Mix" (a porcentagem de cana alocada para açúcar vs. etanol) atingiu máximos quase teóricos.

  • Total Cane Crush (Brasil): 645 milhões de toneladas (previsão).
  • Saída de açúcar CS: ~43 milhões de toneladas.
  • Velocidade de exportação: >38 milhões de toneladas anualizadas (recorde).

A restrição técnica: Com a mistura de açúcar maximizada, a elasticidade da oferta é baixa. Qualquer evento climático (como as recentes ondas de calor) afeta linearmente a produção de açúcar, pois não há cana adicional para desviar da produção de etanol.

B. O teto de paridade do etanol

O piso e o teto dos preços do açúcar são geralmente ditados pela "Paridade do Etanol" - o nível de preço no qual se torna mais lucrativo para uma usina produzir combustível do que adoçante.

A relação de paridade do etanol hidratado pode ser modelada simplesmente como:

Preço do açúcar equivalente = (preço do etanol hidratado × conversão TRS / taxa USD:BRL) + prêmio operacional

Análise: Com a queda dos preços globais do petróleo e a desvalorização do real, a paridade do etanol diminuiu, removendo efetivamente o piso de suporte dos preços do açúcar. Isso permitiu que o açúcar fosse negociado a 14,5-15,0 c/lb sem desencadear uma mudança maciça de volta à produção de etanol.

II. Equilíbrio global de S&D: O déficit "oculto

Apesar da ação de preço de baixa, o balanço estatístico mostra estoques mais apertados. Atualmente, o mercado está se concentrando emfluxo (exportações rápidas do Brasil) em vez deestoque (estoques globais).

Estimativas do balanço global (2024/25)

  • Produção global: 179,4 MMT (queda de 1,0% em relação ao ano anterior)
  • Consumo global: 180,1 MMT (aumento de 0,9% em relação ao ano anterior)
  • Volume de negócios: 63,9 MMT (queda de 3,8% em relação ao ano anterior)
  • Saldo líquido: -4,9 MMT (oscilação para déficit)

Interpretação: O déficit é impulsionado pelo baixo desempenho no Hemisfério Norte (Índia, Tailândia) e pelo crescimento constante do consumo (~1%). O mercado está complacente porque o Brasil preencheu o pipeline logístico antecipadamente, mas a disponibilidade do 1ºT/ 2ºT de 2026 parece estatisticamente precária.

III. Manual de compras estratégicas

Para os CPOs (Chief Procurement Officers, diretores de compras) e equipes de compras, a recomendação é mudar de "Spot/Hand-to-Mouth" para "Strategic Accumulation".

Observação para não especialistas: Se você ainda não usa derivativos ou hedging complexo, leia "gerenciamento de duração" simplesmente como a fixação antecipada de uma porcentagem específica de seu volume aos preços atraentes de hoje, deixando o restante flexível para aproveitar os movimentos futuros do mercado.

1. Gerenciamento da duração (a regra 50/30/20)

Dado o potencial de umreversão à média nos preços quando o período de entressafra no Brasil começar, recomendamos os seguintes índices de cobertura para as necessidades do ano fiscal de 2026:

  • 50% de preço fixo (carga básica): Fechamento de contratos físicos nos níveis atuais (<15,50 c/lb). Historicamente, esse valor está próximo do custo global de produção para produtores marginais.
  • 30% Call Spreads (seguro de alta): Compre spreads de compra out-of-the-money (OTM) (por exemplo, compra de 16,00 Call / venda de 19,00 Call). Isso oferece proteção contra uma alta moderada e, ao mesmo tempo, limita o gasto com prêmios.
  • 20% de flutuação: Deixe em aberto para capitalizar em caso de novas quedas ou fraqueza da base.

Exemplo numérico ilustrativo

Para visualizar isso, suponha que um comprador industrial precise de100.000 toneladas de açúcar bruto para o calendário de 2026. A um preço fixo atual de 15,00 c/lb:

  • 50.000 toneladas são fixados em 15,00 c/lb. Isso garante metade do livro a um custo de entrada baixo e conhecido.
  • 30.000 toneladas são cobertos com spreads de compra que podem custar, por exemplo, 0,20 c/lb em prêmio de opção. Esse volume acompanha o mercado, mas não destruirá o orçamento se os preços subirem acima de 18-19 c/lb.
  • 20.000 toneladas permanecem sem preço, adicionados posteriormente em caso de queda ou para responder a mudanças na demanda.

O resultado: Um custo médio ponderado ancorado próximo a 15 c/lb, com proteção explícita contra um retorno à faixa de 18 a 20 c/lb e flexibilidade operacional se o mercado se desviar para o lado negativo. Não se trata de prever o fundo perfeito; trata-se de garantir que, aconteça o que acontecer, sua margem em 2026 estará segura.

2. A estrutura da opção "Gaivota"

Para gerenciar as taxas orçamentárias sem travar preços rígidos se o mercado entrar em colapso ainda mais, os compradores sofisticados podem implementar umEstratégia Seagull:

  1. Comprar uma chamada (Proteção contra picos de preços).
  2. Vender uma opção de venda (Financie a opção de compra; você concorda em comprar se os preços despencarem).
  3. Vender uma chamada (Limite a proteção de alta para financiar ainda mais a negociação).

Em inglês simples: Você concorda em se proteger se os preços explodirem e, em troca, aceita que, se os preços caírem muito mais, você será obrigado a comprar algum volume barato - o que, como usuário industrial, você provavelmente quer fazer de qualquer maneira.

IV. Avaliação de riscos e cenários

Qualquer estratégia de acumulação estratégica deve ser testada contra três cenários primários de desvantagem que podem alterar a tese.

  1. Volatilidade Macro/Forex (alta): Um novo colapso do real brasileiro em relação ao dólar americano reduziria o custo efetivo de produção das usinas brasileiras em termos de dólares.
    • Cenário: Se o USD/BRL subir para 6,00+, o ICE No. 11 poderá testar 12-13 c/lb.
    • Mitigação: Proteja a exposição cambial simultaneamente com a compra de commodities.
  2. Complexo de energia Maciez (média): Se o Brent Crude cair abaixo de US$ 65/bbl, a paridade do etanol cairá ainda mais, incentivando a produção máxima de açúcar, independentemente do preço.
  3. Restrições logísticas (alta): A infraestrutura do Brasil está sobrecarregada. Uma safra úmida pode atrasar os embarques, causando uma escassez localizada nos mercados de destino (tecnicamente denominada expansão do "White Sugar Premium").

V. Implicações para o sourcing baseado no Brasil e para os clientes da LAKAY BUSINESS

Para os compradores que já se abastecem no Brasil ou que estão pensando em transferir mais volume para lá, essa configuração do quarto trimestre de 2025 tem três implicações diretas:

  1. O Brasil como âncora: O Brasil deve ser sua origem âncora para 2026. A liquidez na ICE No. 11, a profundidade dos prêmios físicos e a capacidade do Brasil de sustentar altos fluxos de exportação fazem dele a única origem em que se pode executar com confiança uma estratégia de estilo 50/30/20 em escala.
  2. Projeto do contrato vs. preço principal: Usando o Brasil como base, os importadores devem se concentrar na estruturação de contratos com janelas de preços claras, definições de prêmio e cláusulas de logística, em vez de buscar os últimos 0,10 c/lb no preço principal. A flexibilidade em relação aos períodos de embarque e portos de carga vale muito dinheiro em um ambiente de logística apertada.
  3. A parceria é melhor do que a compra à vista: Em um mercado em que déficits estruturais coexistem com quedas ocasionais de preços, a vantagem vai para os compradores que têm relacionamentos de longo prazo com contrapartes confiáveis no Brasil. É assim que você garante a alocação quando o próximo choque climático ou político ocorrer e os volumes spot evaporarem.

Na LAKAY BUSINESSComo a empresa é uma empresa de grande porte, nosso papel é ficar entre esse quadro macro e seu P&L, traduzindo preço, origem e estrutura em estratégias concretas de aquisição de açúcar. A atual janela abaixo de 15 c/lb é exatamente o tipo de ambiente em que a cobertura disciplinada e o fornecimento baseado no Brasil podem reconstruir e proteger as margens para o próximo ciclo.

VI. Conclusão

O mercado atual oferece uma rara divergência:Sentimento de baixa vs. fundamentos de alta. A correção de preço para 14,8 c/lb reflete a liquidação de posições longas especulativas, e não um excedente estrutural.

Recomendação: Os importadores e empacotadores devem tratar o atual ambiente abaixo de 15 centavos de dólar como umzona de reinicialização da margem. Aconselhamos a execução imediata de uma cobertura física de preço fixo para o T1-Q3 de 2026, visando um preço médio ponderado (WAP) abaixo de 15,50 c/lb. Isso protege as margens do downstream contra a inevitável convergência do déficit de 4,9 milhões de toneladas.

Próxima etapa: Para discutir como executar uma estratégia de cobertura 50/30/20 ancorada no Brasil para o seu book de 2026 - com a LAKAY BUSINESS como empacotadora de registros e âncora de origem no Brasil -, oEntre em contato conosco para obter um plano de sourcing baseado em cenários.

Principais fontes de dados: ISO Quarterly Market Outlook (fevereiro/agosto de 2025); USDA 'Sugar: World Markets and Trade' (maio de 2025); USDA FAS Brazil Sugar Semi-Annual (2024/25); TradingEconomics & Barchart séries de preços para ICE No. 11 e London No. 5.

Disclaimer: This publication is provided for informational purposes only and does not constitute investment, legal, or tax advice. Pricing levels, scenarios, and structures are illustrative and may not be suitable for all companies. Readers should assess their own risk tolerance and consult qualified advisers before implementing any hedging or procurement strategy.